segunda-feira, 18 de março de 2013

O poder na cidade, O ideal do bom governo.


Sistema Feudal


Na idade média havia um senhor na cidade conhecido como senhor feudal, e esse senhor, com frequência, era o bispo, que, desde a dissolução do Império Romano, entre os séculos IV e VI, dispunha do poder, das riquezas e do prestígio. O senhor feudal se instalava em um castelo, caracterizado como local de controle do feudo.

Inicialmente, as cidades eram protegidas por grandes muros, formando os burgos, que eram os centros comerciais. No entanto, com o crescimento populacional consequentemente o comércio aumentou e os burgos excederam os limites dos muros.

No século XI, as cidades já apresentavam poder e uma grande influência econômica, assim os burgueses começaram a lutar pela sua autonomia em relação ao feudo, surgindo o movimento comunal.

As cidades passaram a ser conhecidas como cidades francas, quando os senhores feudais a partir de um acordo deixaram de exigir o pagamento abusivo de impostos, tornando-se às cidades livres do domínio feudal. Porém, alguns senhores não seguiram esse acordo e então se iniciou um confronto, passando assim essas cidades a serem chamadas de comunas.

Movimento comunal

Movimento que surgiu na idade média a partir da força e aspirações dos mercadores e dos artesãos, assim como pela busca da liberdade econômica. Esse movimento configurou a tomada do poder dos senhores feudal pela burguesia e a consagração da mesma. O novo governo burguês se comportava a imagem dos clãs familiares, num espaço onde as experiências políticas podiam ser diversificadas, tentava-se também estabelecer uma relação de respeito mutuo com a igreja para a qual a cidade se colocava a serviço.

As revoltas urbanas surgiram como resposta à indignação dos pobres e reformadores, contra a corrupção e a coleta abusiva de impostos e a quebra do princípio básico de igualdade. A violência da "revolução comunal" foi uma resposta à violência feudal.

Muitas vezes a passagem do governo para a burguesia se dava de forma violenta tendo o exemplo da cidade francesa de Laon no início do século XII onde a narrativa mostra o bispo fugindo dos rebelados, entrando no pátio de um prédio da cidade, escondendo-se dentro de um barril; ele é descoberto, arrastado para a rua, assassinado cortam-lhe o dedo que levava o anel, tomado como símbolo não de sua função religiosa, mas de seu poder temporal, e seu corpo é transportado pela cidade exibindo-se o dedo com o anel.


Governo Burguês

Com a saída do campo para a cidade, o modo de vida e o comportamento das famílias começam a mudar. Com o desenvolvimento urbano surge a família nuclear, composta apenas por pais e filhos. Desfavorecendo a família ampliada, que é aquela caracterizada pelo campo, feudalidade, em que vivem juntos os filhos, os parentes, diversas gerações. Assim desenvolve-se a partir dos séculos XII-XIII o tema da sagrada família. As casas urbanas agora são feitas para famílias nucleares que são as células da cidade.

Na Idade Média as pessoas que viviam sozinhas (celibatários) eram excluídas da sociedade, eram pouco numerosos e considerados suspeitos e deviam juntar-se a igreja. O celibatário leigo tinha uma vida muito difícil e era mal visto.

A população vivente da época começa agora com a difusão das ideias aristotélicas entre as pessoas mais cultas e os clérigos, a constituir uma oposição entre o bom e o mau governo.

Fica claro que agora é preciso não só o modelo da família harmoniosa, mas também, aquele do príncipe justo seguindo duas palavras de ordem: paz e justiça. O bom governo deve fazer funcionar enfim, instituições relativamente igualitárias e democráticas. É preciso essencialmente evitar-se uma família que se sobressaia em relação às outras, um citadino, que domine e tiranize os outros.

FONTE: GOFF, Le Jacques. Por amor às cidades. São Paulo: Unesp, 1998.

Entre o decorrer dos séculos, principalmente o século XIV, ocorreram várias revoltas urbanas nas cidades tidas como cristãs, revoltas essas que ocorreram em Castela, Inglaterra, na Itália e na França, sobretudo em Paris. Onde podemos exemplificar as revoltas do cabochiano, revolta dos ciompi.

Os movimentos protestam contra uma evolução que combina a influência de dois poderes de origem distinta, mas que se combina com frequência. O poder do príncipe ou do rei: o rei quer reduzir a cidade à obediência de todos seus súditos e que não reconhece os privilégios, isenções das cidades. Promoção de certas famílias no interior das cidades que rompem o primitivo contrato comunal de igualdade.

Toda a problemática das cidades medievais acarretou em um reinado totalmente dominado pela corrupção, tendo esta se estendido pelo renascimento. Na cidade de Paris o rei São Luís combateu a corrupção criando um plano para a descoberta dos corruptos de seu governo quando ele foi para a cruzada de 1427. Para todo o reino, enviou inquiridores, normalmente religiosos mendicantes para assim poder levantar os casos de injustiça ocorrentes no reino (Os historiadores não exploraram de forma suficiente esses relatos).

Cidade medieval

Na idade média assim como na idade contemporânea existia a especulação imobiliária, onde quanto maior a proximidade de certos conventos de prestigiadas ordens mendicantes, mais altos serão os preços dos terrenos locais, em nível de comparação, na sociedade moderna quanto maior a proximidade do centro mais caro será o metro quadrado do terreno.

Percebesse que a diferenciação entre de bairros pobres, ou de classe média, ou bairros de ricos, já estava definida na Idade Média, assim como hoje. As localidades eram diferenciadas pela variação dos preços e consequentemente da população residente.

Na idade média havia uma definição de preço justo, o preço de mercado o qual a igreja abdicou diante do mercado.


O príncipe impõe à cidade a forma mais adequada a duas de suas preocupações, sendo uma de ordem militar e a outra de ordem estético-ideológica. Atribuem-se assim a construção de muralhas e o uso de pedras, sendo que a cidade também deve atender uma imagem de ordem. A forma urbana definida em xadrez, com ruas que se cortam em ângulos retos, atribuído a Milet, e o circular. Outro modelo utilizado foi o da estrela, militarmente bem protegida, com muitos ângulos mortos inatingíveis, ela também implica uma ideia de ordenamento.

As cidades passam por uma grande ordem de regulamentação de higiene que se multiplicam pelas cidades, a partir do século XII. Em Paris o rei Luiz VI proíbe que animais perambulem pela cidade, após a morte de seu filho primogênito, que sofreu um acidente andando de cavalo após um porco perdido fazer a montaria tropeçar em uma viela parisiense.

Outro fator importante das cidades medievais foi à difusão da arte gótica e do pensamento escolástico que acabaram por se  desenvolver. A construção da igreja de Saint-Denis consagra a arte gótica na época dos reinados de Luís VI e Luís VII. A inovação se propaga em quase toda rede de igrejas.

A arte gótica e a escolástica se estabelecem como novas escolas urbanas, onde se define como base a razão e a matemática, ordem e luz, cor e verticalidade.

FONTES: GOFF, Le Jacques. Por amor às cidades. São Paulo: Unesp, 1998.


por: Hilton Messias

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