A cidade na Idade média, com suas ruas
estreitas que sempre conduziam a uma grande praça (“Aquilo que não são sempre as ruelas sombrias, estreitas, sujas.
Alberto, o Grande, compara as ruelas ao inferno, porém elas desembocam em
praças que são o paraíso.” LE GOFF,1998),
e com sua série de torres, era sinônimo de segurança. Uma necessidade e uma preocupação
comum, não só dos pobres cidatinos, mas também da igreja e até dos jovens
guerreiros, que de certa f;orma já estavam acostumados com a violência. E isso
podia se observar na própria estrutura da cidade pela presença das grandes
muralhas que a circundavam.
Com
isso, acontece nas cidades medievais praticamente a mesma coisa que aconteceu na
Grécia, que confiou o policiamento às classes de certa forma menosprezadas,
como por exemplo os arqueiros, que eram vistos como guerreiros ignóbios.
Mas,
dentre as atitudes violentas, o roubo era um dos mais temidos e considerado um
ato muito grave (duramente punido). O medo da perda de bens da população era
tamanho que durante muito tempo o móvel essencial das casas era o cofre, onde
se guardava desde objetos muito valiosos até simples vestimentas.
A
idade média também foi marcada por epidemias, que foram responsáveis por muitas
mortes. Na época surgiram os chamados hôtels-Dieu,
que eram asilos ou hospitais dirigidos pela igreja, que na época transmitia
para os cristãos e cidatinos a idéia da misericórdia e da caridade. Como na
época não haviam tratamentos adequados, era muito difícil curar os doentes, que
logo ficavam desempregados e consequentemente pobres. ”De início, na Idade Média, não se sabe
curar os doentes e, portanto, liberá-los. Não há médicos bastantes e com
conhecimentos suficientes, não há equipamentos. Dois tipos de tratamentos
fundamentais são desde logo realizados em quase todos os casos: de um lado,
praticar a sangria, e, de outro, examinar as urinas... Ficar doente é um desastre para o homem, a mulher ou a criança, e quase
que inevitavelmente esse doente se torna pobre e dependente, quando escapa à
morte.” (LE GOFF, 1998). Umas dessas doenças infecciosas era a lepra, e o
fato de na época já se saber que era contagiosa, fez surgir as casas para
leprosos, os chamados leprosários, que em geral ficavam fora das cidades.
Apesar de serem responsáveis por cuidar do
único meio de subsistência da época, a terra, os camponeses na idade média eram
menosprezados. Como já foi dito, nesse período se difundia, pela igreja, a prática
da caridade e da misericórdia, e até nesse ponto os camponeses eram
considerados menores. Achava-se que eram pouco capazes ou pouco responsáveis
pela caridade, e esse “trabalho” deveria ficar para os cidatinos, os cristãos
melhores.
FONTE: GOFF, Le Jacques. Por amor às cidades. São Paulo: Unesp, 1998.
por: Emizael Marcos
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